Conheça um pouco sobre Lovecraft

Biografia

Howard Phillips Lovecraft
The Life of a Gentleman of Providence

(S.T. Joshi – tradução de Renato Suttana)

NOTA BIOGRÁFICA[1]

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Howard Phillips Lovecraft nasceu às 9 da manhã do dia 20 de agosto de 1890, na casa de sua família, no número 454 (na época, 194) da Angell Street, em Providence, Rhode Island.Sua mãe era Sarah Susan Phillips Lovecraft, cuja ancestralidade ascendia à chegada de George Phillips a Massachusetts, em 1630. Seu pai era Winfield Scott Lovecraft, vendedor ambulante da Gorham & Co., Silversmiths, de Providence. Quando Lovecraft tinha três anos, seu pai sofreu um colapso nervoso num quarto de hotel em Chicago e foi trazido de volta para o Butler Hospital, onde permaneceu por cinco anos até morrer em 19 de julho de 1898. Aparentemente, Lovecraft aprendeu que seu pai esteve paralisado e em coma durante esse período, mas as evidências sugerem que não foi isso que aconteceu. É quase certo que o pai de Lovecraft morreu de paresia[2], causada pela sífilis[3].

Com a morte do pai, a responsabilidade de criar o filho recaiu sobre a mãe, duas tias e, em especial, sobre seu avô, o proeminente industrial Whipple Van Buren Phillips. Lovecraft foi uma criança precoce: aos dois anos já recitava poesia e aos três já lia. Foi nessa época que adaptou o pseudônimo de Abdul Alhazred, que mais tarde se tornaria o autor do mítico Necronomicon. No ano seguinte, porém, seu interesse por assuntos árabes foi eclipsado pela descoberta da mitologia grega, colhida na Age of Fable de Thomas Bulfinch e em versões para crianças da Ilíada e da Odisséia. Com efeito, o mais antigo de seus escritos que se conhece, “O poema de Ulisses” (1897), é uma paráfrase da Odisséia em 88 versos com rimas internas. Mas Lovecraft, por esse tempo, já havia descoberto a ficção fantástica, e sua primeira história – “The Noble Eavesdropper” (O nobre mexeriqueiro) –, que não chegou até nós, parece remontar a 1896. Seu interesse pelo fantástico proveio de seu avô, que entretinha Lovecraft com histórias improvisadas, à maneira gótica.

Enquanto menino, Lovecraft foi um tanto solitário e sofreu de doenças freqüentes, muitas, aparentemente, de natureza psicológica. Freqüentou de maneira esporádica a Slater Avenue School, mas encharcou-se de informações por meio de leituras independentes. Por volta dos oito anos, descobriu a ciência, primeiro a química, depois a astronomia. Passou a produzir jornais em hectógrafo[4] – The Scientific Gazette (A Gazeta Científica) e The Rhode Island Journal of Astronomy (Folha de Astronomia de Rhode Island) –, para serem distribuídos entre amigos. Quando foi para a Hope Street High School (nível colegial), encontrou afinidade e encorajamento tanto nos professores quanto nos colegas e desenvolveu várias amizades bastante duradouras com rapazes da sua idade. A estréia de Lovecraft em letra impressa ocorreu 1906, quando enviou uma carta tratando de assunto astronômico ao Providence Sunday Journal. Pouco depois, começou a escrever uma coluna mensal de astronomia para o Pawtuxet Valley Gleaner, um jornalzinho rural. Mais tarde escreveu colunas para o Providence Tribune (1906-8) e o Providence Evening News (1914-1918), bem como para o Asheville (N. C.) Gazette-News (1915).

Em 1904, a morte do avô de Lovecraft e a subseqüente dilapidação de seu patrimônio e negócio mergulharam a família em sérias dificuldades. Lovecraft e sua mãe se viram forçados a abandonar a glória de seu lar vitoriano para morar numa residência apertada, no número 598 da Angell Street. Lovecraft ficou arrasado com a perda do lar natal. Aparentemente, ele teria pensado em suicídio, enquanto passeava de bicicleta e contemplava as profundezas escuras do rio Barrington. Mas o gosto de aprender baniu esses pensamentos. Em 1908, porém, pouco antes de sua formatura no colégio, sofreu um colapso nervoso que o obrigou a deixar a escola sem receber o diploma. Esse fato e o conseqüente fracasso em tentar entrar para a Brown University sempre o envergonharam nos anos posteriores, não obstante ter sido ele um dos autodidatas mais formidáveis de seu tempo. Entre 1908 e 1913, Lovrecraft viveu praticamente como um eremita, dedicando-se quase só aos seus interesses astronômicos e a escrever poesia. Ao longo de todo esse período, Lovecraft se envolveu numa relação fechada e pouco saudável com a mãe, que ainda sofria com o trauma da doença e morte do marido e que desenvolveu uma relação patológica de amor-ódio com o filho.

Lovecraft emergiu de seu eremitério de maneira bastante peculiar. Tendo começado a ler os primeiros magazines pulp de sua época, ficou tão irritado com as insípidas histórias de amor de um certo Fred Jackson, no Argosy, que escreveu uma carta em versos, atacando Jackson. A carta foi publicada em 1913, suscitando uma tempestade de protestos por parte dos defensores de Jackson. Lovecraft se meteu num debate acalorado na coluna de cartas do Argosy e dos magazines congêneres, aparecendo as suas respostas quase sempre em dísticos heróicos e humorísticos, descendentes de Dryden e Pope. A controvérsia foi notada por Edward F. Daas, presidente da United Amateur Press Association (Associação Unida de Imprensa Amadora, UAPA), um grupo de escritores amadores de todo o país que escreviam e publicavam os seus próprios magazines. Daas convidou Lovecraft a se juntar à UAPA, e Lovecraft fez isso nos começos de 1914. Lovecraft publicou treze edições de seu próprio periódico, The Conservative (O conservador, 1915-23), e também enviou volumosas contribuições de poesia e ensaios para outros jornais. Mais tarde, tornou-se presidente e editor oficial da UAPA, atuando ainda, por breve período, como presidente da rival National Amateur Press Association (Associação Nacional de Imprensa Amadora, NAPA). Essas experiências podem ter salvado Lovecraft de uma vida de reclusão improdutiva; como ele mesmo disse certa vez: “Em 1914, quando a mão amigável do amadorismo se estendeu para mim, eu estava tão próximo do estado de vegetação quanto qualquer animal... Com o advento da [Associação] Unida, ganhei uma renovação de vida, um senso renovado da existência como sendo algo mais que um peso supérfluo, e encontrei uma esfera na qual podia sentir que meus esforços não eram totalmente fúteis. Pela primeira vez, pude imaginar que minhas investidas desajeitadas no campo da arte eram um pouco mais do que gritos débeis perdidos no mundo indiferente.”

Foi no universo amador que Lovecraft recomeçou a escrever sua ficção, abandonada em 1908. W. Paul Cook e outros, percebendo as promessas dessas primeiras histórias, tais como The beast in the cave (A besta na caverna, 1905) ou The alchemist (O alquimista, 1908), instaram Lovecraft a retomar a pena. E foi o que Lovecraft fez, escrevendo, num jorro, The tomb (A tumba) e Dagon no verão de 1917. Depois, Lovecraft manteve um constante, porém esparso, fluxo de ficção, embora até pelo menos 1922 a poesia e os ensaios ainda fossem os seus modos predominantes de expressão. Lovecraft também se envolveu numa rede sempre crescente de correspondência com amigos e associados, o que o tornou um dos maiores e mais prolíficos missivistas do século.

A mãe de Lovecraft, com sua condição mental e física deteriorada, sofreu um colapso nervoso em 1919, dando entrada no Butler Hospital, de onde, tal como seu marido, jamais sairia. Sua morte, porém, ocorrida em 24 de maio de 1921, deveu-se a uma cirurgia mal conduzida de vesícula. Lovecraft sofreu profundamente com a perda da mãe, mas em poucas semanas se recuperou o suficiente para comparecer a uma convenção de jornalismo amador em Boston, a 4 de julho de 1921. Foi nessa ocasião que viu pela primeira vez a mulher que se tornaria sua esposa. Sonia Haft Green era judia-russa, com sete anos a mais que Lovecraft, mas ambos parecem ter encontrado, pelo menos no início, bastante afinidade um no outro. Lovecraft visitou Sonia em seu apartamento no Brooklyn em 1922, e a notícia de seu casamento – em 3 de março de 1924 – não foi surpresa para seus amigos, mas pode ter sido para as duas tias de Lovecraft, Lillian D. Clark e Annie E. Phillips Gramwell, que foram notificadas por carta só depois que a cerimônia ocorreu. Lovecraft se mudou para o apartamento de Sonia no Brooklyn, e as perspectivas iniciais do casal pareciam boas: Lovecraft angariara posição como escritor profissional, por meio da aceitação de várias de suas primeiras histórias na Weird Tales, o célebre magazine fundado em 1923, e Sonia tinha uma loja de chapéus bem-sucedida na Quinta Avenida, em Nova York.

Mas os problemas chegaram para o casal quase imediatamente: a loja de chapéus faliu, Lovecraft perdeu a chance de editar um magazine associado à Weird Tales (para o que seria necessário que se mudasse para Chicago), e a saúde de Sonia se esvaiu, obrigando-a a passar uma temporada no sanatório de Nova Jersey. Lovecraft tentou garantir trabalho, mas poucos estavam dispostos a empregar um “velho” de trinta e quatro anos que não tinha experiência. Em primeiro de janeiro de 1925, Sonia foi trabalhar em Cleveland, e Lovecraft se mudou para um apartamento de solteiro, junto a um setor decadente do Brooklyn, denominado Red Hook.

Embora tivesse muitos amigos em Nova York – Frank Belknap Long, Rheinhart Kleiner, Samuel Loveman –, Lovecraft tornou-se cada vez mais depressivo, devido ao isolamento em que vivia e às massas de “forasteiros” na cidade. Sua ficção passou do nostálgico (“The shunned house” – 1924 – se passa em Providence) para o frio e misantrópico (“The horror in Red Hook” e “He” – ambas de 1924 – expõem claramente seu sentimento por Nova York). Finalmente, no início de 1926, fizeram-se planos para a volta de Lovecraft a Providence, da qual sentia tanta falta. Mas onde se encaixava Sonia nesses planos? Ninguém parecia saber, muito menos Lovecraft. Embora continuasse a professar sua afeição por ela, acabou concordando quando suas tias se opuseram à vinda dela a Providence, para iniciar um negócio: seu sobrinho não podia manchar-se com o estigma de uma esposa que era negociante. O casamento praticamente acabou, e o divórcio – ocorrido em 1929 – foi inevitável.

>Quando Lovecraft retornou a Providence, em 17 de abril de 1926, para morar na Barnes Street, ao norte da Brown University, não foi para se sepultar, conforme fizera no período de 1908-1913. De fato, os últimos dez anos de sua vida foram o tempo de seu maior florescimento, tanto como escritor quanto como ser humano. Sua vida era relativamente pobre de ocorrências – viajou largamente por vários lugares antigos ao longo da costa leste (Quebec, Nova Inglaterra, Filadélfia, Charleston, Santo Agostinho); escreveu sua melhor ficção, isto é, desde “The call of Cthulhu” (O chamado de Cthulhu, 1926) até “At the mountains of madness” (Nas montanhas da loucura, 1931) e “The shadow out of Time” (A sombra dos tempos, 1934-1935); e continuou sua correspondência vasta e prodigiosa –, mas tinha encontrado seu nicho como escritor de ficção fantástica da Nova Inglaterra e também como homem de letras. Estimulou a carreira de muitos autores jovens (August Derleth, Donald Wandrei, Robert Bloch, Fritz Leiber); voltou-se para as questões políticas e econômicas, quando a Grande Depressão o levou a apoiar Roosevelt e a se tornar um socialista moderado; e continuou absorvendo conhecimento num largo espectro de temas, de filosofia até literatura, história e arquitetura.

>Nos últimos dois ou três anos de sua vida, no entanto, Lovecraft passou por alguns apertos. Em 1932, morreu a sua amada tia Mrs. Clark, e ele se mudou para o número 66 da College Street, atrás da John Hay Library, levando consigo sua outra tia, Mrs. Gamwell, em 1933. (Esta casa é agora o número 65 da Prospect Street.) Suas últimas histórias, cada vez mais longas e complexas, eram difíceis de vender, e ele foi forçado a ganhar seu sustento às custas de muita “revisão” ou trabalho como ghost-writer de histórias, poesia e obras não-ficcionais. Em 1936, o suicídio de Robert E. Howard, um de seus correspondentes mais chegados, deixou-o desorientado e triste. Por essa época, a doença que o levaria à morte – um câncer no intestino – havia progredido tanto que pouco se podia fazer para tratá-la. Lovecraft tentou resistir, em meio às dores crescentes, através do inverno de 1936-1937, mas finalmente teve de dar entrada no Jane Brown Memorial Hospital, em 10 de março de 1937, onde morreu cinco dias depois. Foi sepultado em 18 de março, no jazigo da família Phillips, no Swan Point Cemetery.

É provável que, percebendo a aproximação da morte, Lovecraft tenha entrevisto o esquecimento final de sua obra: nunca teve um único livro publicado em toda a vida (a não ser, talvez, a péssima edição de The shadow over Innsmouth – A sombra sobre Innsmouth –, de 1936), e suas histórias, ensaios e poemas jaziam espalhados por uma porção desconcertante de pulp magazines amadores. Mas as amizades que ele tinha forjado só por correspondência lhe valeram aqui: August Derleth e Donald Wandrei estavam determinados a preservar dignamente as histórias de Lovecraft num um livro de capa dura e criaram ao selo editorial Arkham House, destinado inicialmente à publicação de Lovecraft. Editaram The outsider and the others (O forasteiro e outras histórias), em 1939. Diversos outros volumes se seguiram pela Arkham House, até que a obra de Lovecraft passou ao papel e foi traduzida em uma dúzia de línguas. Hoje, no centenário de seu nascimento, suas histórias estão disponíveis em edições com texto corrigido, seus ensaios, poemas e cartas circulam amplamente, e muitos estudiosos têm comprovado as profundidades e complexidades de sua obra e de seu pensamento. Falta muito a ser feito no estudo de Lovecraft, mas é correto dizer que, graças ao mérito intrínseco de seu trabalho e à diligência de seus associados e apoiadores, Lovecraft conquistou um pequeno, mas inexpugnável, nicho no cânone das literaturas americana e mundial.


[1] Publicada originalmente em H.P. Lovecraft Centennial Guidebook. (N. do T.)

[2] Paralisia incompleta. (N. do T.)

[3] No original, “neurosyphilis”, estágio avançado da sífilis, que ataca o sistema nervoso central. (N. do T.)

[4] Duplicador que, por umedecimento a álcool, transfere para o papel com que é alimentado o escrito ou o desenho da matriz obtida por meio de papel hectográfico. (N. do T.)

Nota: as fotos não constam nos originais. 1) Lovecraft em família, vestido de mulher por sua mãe. 2) Angell Street, 454. 3) Lovecraft aos oito anos de idade. 4) Seu estimado avô Whipple van Buren Phillips. 5) Slater Avenue School. 6) Angel Street, 598. 7)Barrington River. 8) Símbolo da UAPA. 9) Símbolo da NAPA, associação ainda existente até os dias atuais. 10) Lovecraft em 1915. 11) Lovecraft e Paul W. Cook. 12) Butler Hospital. 13) Lovecraft no Brooklyn em 1922. 14) Lovecraft e sua esposa. 15) Weird Tales. 16) Lovecraft e Frank Belknap Long em 1931. 17) Barnes Street, 10. 18) Lovecraft em 1934. 19) Lovecraft com Robert H. Barlow e sua família em uma viagem em 1934 a casa deles na Florida (HPL passou ali um mês e meio escrevendo com Barlow). 20) Prospect Street, 65. 21) Benefit Street, 187 - local do velório de Lovecraft. 22) Sepultura no Swan Point Cemitery em Providence R.I.


Amigos

Foram muitos os amigos de Lovecraft ao longo de sua vastíssima correspondência. Selecionamos alguma das biografias de seus amigos mais próximos, além de personalidades marcantes ao longo de sua vida e que juntos desenvolveram histórias de horror cósmico-mitológico formando o chamado "Círculo de Lovecraft". Leia ao lado da foto uma breve descrição biográfica:

Robert E[rvin] Howard (1906-1936)
Grande correspondente e amigo de Lovecraft, embora bem mais novo que o mesmo. Nasceu e viveu quase toda sua vida no Texas, principalmente em Cross Plain. Tinha em Lovecraft e Clark Ashton Smith seus grandes amigos que escreviam seus magníficos contos para a Weird Tales. Sua principal criação foi Conan - o Bárbaro, mas também escreveu sobre velho-oeste, histórias orientais algum relato erótico e até boxe (Howard era conhecido por sua grande força física, igual a seus personagens e era aficionado por este esporte). Bob, como o conheciam, era amante da natureza e dos animais e embora seu jeito não aparentasse, se definia como uma pessoa muito sensível. Sempre viveu em crise econômica (próprio dos anos pré-depressão), e com velha mãe doente entrou em desespero falando em suicídio cada vez que ela piorava, pois recebia parcelado uma dívida de US$ 800 da Weird Tales de contos publicados e a publicar, embora o pai médico pouco podia ajudar, pois seu pagamento era em itens por seu trabalho. Um dia antes da tragédia perguntou ao Dr. Dill, médico e amigo do seu pai, se uma pessoa poderia morrer com um tiro na cabeça... havia comprado três sepulturas pouco antes de morrer, feito um pequeno inventário e ido perguntar sobre a mãe doente a enfermeira que falou negativamente sobre sua recuperação. Parece que foi a linha final, ele subiu no andar de cima da casa, onde costumava datilografar seus contos e escreveu:

All fled, all done
So lift me on the pyre
The feast is over
And the lamps expire.

"Todos fugiram, tudo está terminado!
Então ergam-me até a pira;
o festim findou-se
e as luzes se apagaram"

Com a idade de 30 anos ele desceu até a garagem e em dentro de um Chevy 1935 atirou contra a cabeça com um revolver Colt do pai, usando uma munição calibre .380 emprestada de um amigo que nada sabia de sua intenção premeditada. O pai, o Dr. Dill e a empregada da casa (por conta da mãe não poder mais fazer os trabalhos domésticos), praticamente presenciaram o suicídio. O pai e o outro médico tiraram Bob Howard do carro e o levaram para um cama. Ele morreu oito horas depois do disparo e sua mãe trinta e uma horas após. Ambos foram enterrados juntos. Isto foi o que o pai de Bob Howard informou Lovecraft por uma carta sobre o ocorrido dizendo também que ele vinha com esta idéia um ano antes quando sua mãe piorara. Este fato deixou Lovecraft triste e depressivo por um bom tempo.

August [William] Derleth (1909-1971) e Donald Wandrei (1908-1987)
Ambos escritores e correspondentes de Lovecraft. Wandrei, por sua vez correspondia-se desde 1924 com Clark A. Smith o que o fez amigo de Lovecraft (que constantemente dava a ele conselhos literários). Também durante a vida de Lovecraft seu amigo de Wiscosin August Derleth (correspondente de 1926 a 1937), reconheceu seu trabalho, tentou oferecê-lo as editoras, mas sem sucesso. Em 1927 Wandrei vai a Nova York na Weird Tales tentar oferecer ao editor Fansmouth Wright os escritos de Lovecraft e aproveita para conhecer Lovecraft e especialmente Samuel Loveman. Chegou a Providence em 1929 ficando alguns dias por lá vindo também a conhecer Frank Belknap Long e James F. Morton. Meses depois Lovecraft o põe em contato com Derleth, numa relação de amizade que durou até a morte de Derleth em 1971. Wandrey também visitou Providence em 1932. Após a morte de Lovecraft ambos tentam levar as editoras sua obra mais sem sucesso, por isto criaram uma própria editora a Arkham House que tão bem iniciou a fama de Lovecraft. Durante este período, principalmente Derleth divulga muito a obra de Lovecraft e também em outros países, mas foi criticado quanto a sua sistematização do mito de Cthulhu. Wandrei por sua vez é o grande responsável pela idéia e esforços de se publicar as cartas de Lovecraft, um imenso trabalho que resultou no lançamento tardio das Selected Letters (1965-76). Em 1971 após a morte de Derleth, Wandrei entra numa briga de herança com os herdeiros do amigo o que o faz se afastar da editora.

Robert [Albert] Bloch (1917-1994)
Bloch nasceu em Chicago, Illinois. Na idade de 9 anos assistiu seu primeiro filme de terror "O Fantasma da Opera" o que o fez dormir com a luz acessa. Daí adquiriu seu gosto pelo gênero de horror. A Weird Tales era sua revista favorita e seu primeiro texto foi uma paródia de Lovecraft intitulada "The Thing". Depois de concluir o ensino médio na idade de 17 anos ele comprou uma máquina de escrever usada e vendeu seu primeiro conto a Weird Tales, intitulado: "The Feast in the Abbey". Sempre foi admirador de Lovecraft, mas nunca o conheceu em vida. Sua brilhante carreira assumiu outras formas depois da morte de HPL, embora continuasse com a temática de Cthulhu. Ficou muito famoso com a criação Norman Bates em "Psicosis" (Psycho) de 1959, com a famosa adaptação de Alfred Hitchcock do livro e suas seqüências. Durante sua longa carreira ganhou vários prêmios e foi reconhecido como um grande escritor de sua época.

Robert H[ayward] Barlow (1918-1951)
Correspondente e admirador de Lovecraft. Barlow não admitia que quando começou a corresponder com HPL tinha apenas 13 anos. Foi um grande amigo. Publicou muitos trabalhos cedo e por indicação de Lovecraft se filiou a NAPA. Em 1934 Lovecraft foi a Florida no verão na casa de campo da família Barlow em De Land, passar um mês e meio, onde ambos produziram muitas coisas. Novamente a convite de Barlow no verão seguinte seguinte Lovecraft retorna a De Land e fica desta vez dois meses e meio. Na mesma idéia, Barlow vai a Providence no verão seguinte e ambos escrevem "The Night Ocean", sendo que ao que parece o conto tem mais de Barlow do que Lovecraft, mas isto não é muito certo afirmar. Após o falecimento de Lovecraft foi a Providence e se encarregou das questões legais da herança e manuscritos (a herdeira legal foi sua tia Annie E. P. Gamwell). Barlow reuniu os materiais de Lovecraft e levou-os a Brown University depositando-os lá, motivo pelo qual Wandrei não entendeu e o chamou de "ladrão" das obras. Barlow também é um dos grandes responsáveis pela obra de Lovecraft chegar até nós, pois também datilografou muito de seus originais (coisa que Lovecraft detestava fazer). Colaborou com a primeira biografia séria do autor de T. Lanay e William H. Evans em 1943. Neste mesmo ano vai dar aulas de antropologia na Universidade do México, onde é muito reconhecido e publica vários livros a respeito. Entretanto em 1951 se suicida num hotel da Cidade do México por conta de uma chantagem que fizeram algumas pessoas que descobriram ser ele homossexual (na época que vivia era terrível se a sociedade soubesse).

Henry Kuttner (1914-1958)
Kuttner conheceu Lovecraft através de Robert Bloch e foi um dos jovens escritores tutelados pelo mestre (a exemplo do próprio Bloch). Escreveu para ele pela primeira vez em meados de 1936. Casou-se com Catherine Lucille Moore (conhecida de Lovecraft através de R.H. Barlow), e por anos escreveu histórias de terror e fantasia. Na década de 1950 por certo aborrecimento deixa a literatura fantástica por um tempo e junto com a esposa se gradua em psicologia na Sourthen California University. Pretendendo fazer um doutorado, morre repentinamente dormindo em 1958, talvez por conta de um ataque cardíaco. Sua esposa casou-se novamente e com um médico, vivendo mais três décadas, mas sem escrever nada apenas mantendo contato com os fãs de ficção cientifica, quando em 1981 numa convenção sobre ficção científica em Denver a encheram de honras. Morreu com complicações de Alzheimer em 1987. Em 2007 filmaram 'Mimzy- A Chave do Universo', de autoria dele e da esposa C.L. Moore sob uso de pseudônimo, como era comum eles fazerem.

Frank Belknap Long (1901-1994)
Escritor, grande amigo (talvez mais amigo ainda que Robert E. Howard) e um dos correspondentes mais antigos de Lovecraft, desde a época que eram adolescentes, se converteu em um dos maiores nomes da literatura americana de ficção fantástica tendo em 1987 ganhado o prêmio Bram Stocker Award. Ativo membro da UAPA (United Amateur Press Association) aonde publicou o conto "The Eye Above the Mantel", que chamou atenção de Lovecraft e onde começou esta longa amizade. Long, norvaiorquino durante toda vida, freqüentou brevemente a universidade da cidade, pois teve uma série de problemas médicos o que o levou a resolver dedicar-se especificamente a escrita profissional. Contribuiu muito para Weird Tales e foi um dos primeiros escritores a contribuir com o mito de Cthulhu de Lovecraft, e no declínio das pulp adaptou-se ao mercado editorial publicando uma coisa aqui outra acolá. Escreveu um biografia de H.P. Lovecraft: 'Dreamer on the Night Side'. Casou-se em 1960 com Lyda Arco, com quem viveu até sua morte, não tendo herdeiros. Long faleceu velho em 1994 sendo enterrado no cemitério Woodlawn de Nova York empobrecido, mesmo com a longa carreira literária. Seus fãs pagaram as despesas funerárias num valor de US$ 3000.

Clark Ashton Smith (1893-1961)
Dos três "Mosqueteiros da Weird Tales" (Lovecraft, Robert Howard e Smith - dizem que embora fosse assíduos correspondentes nunca se conheceram), Clark A. Smith foi o único com reconhecimento em vida, diferentemente de hoje em dia, embora reconhecido talento pela crítica é desconhecido do grande público. Aqui classifiquei-o como amigo/correspondente de Lovecraft, mas bem poderia ser classificado como seu precursor, dada a extrema admiração de Lovecraft por ele. Nasceu em Long Valley - Califórnia. De saúde frágil e a família que enfrentava pobreza, deixou de estudar cedo e catava frutas ou trabalhava como lenhador para tentar apaziguar os problemas financeiros. Auto definiu-se como poeta. Com seus poemas no magazine "The Black Cat " em 1910 foi animado por amigos a entrar em contato com seu ídolo George Sterling ("discípulo" de Ambrose Bierce) que reconheceu seu talento e o tutelou, vindo a ser conhecido através deste e de sua escrita original. Por esta época aprendeu francês e traduziu Baudelaire para o Inglês, já que Sterling compunha poesias no estilo que Baudelaire fazia parte. Mesmo com a carreira literária fazia bicos de lenhador para garantir sua renda, devido aos problemas da depressão americana. Após 1935 e 1937 com as mortes de Lovecraft, de sua mãe e seu pai e também por esta data o suicido de Sterling deixou de escrever prolificamente como antes, dedicando-se mais a escultura e pintura onírica (que tanto admirava Lovecraft). Casou-se em 1954 com Carolyn Jones Dorman. Em 1961 trabalhando como jardineiro sofreu um enfarto, recuperou-se, mas faleceu meses depois.

Rheinhart Kleiner (1892–1949)
Poeta da impressa amadora, contista e um dos mais antigos correspondentes de Lovecraft. Publicou o primeiro trabalho crítico a poesia de Lovecraft que se conhece: "A Note on Howard P. Lovecraft’s Verse" (United Amateur, Março de 1919). Se conheceram pessoalmente em julho de 1916 quando Kleiner visitou Providence, visitas que foram retribuídas quando Lovecraft morou em Nova York, por esta ocasião visitaram ambos a Igreja Holandesa Reformada do Brooklyn, visita esta que inspirou o conto "The Hound" e neste conto Kleiner é referido com o personagem St. John. Nesta época Kleiner trabalhava na Fairbanks Scales Co., empresa que ainda existe até hoje. Ambos faziam parte nesta cidade do "Kalem Club" (um clube literário em que Lovecraft não criou, mas foi líder, incluía nomes como o próprio Kleiner, Everett McNeil e James F. Morton. Quando Lovecraft chegou, introduziu novos membros ao clube, especialmente Frank Belknap Long, George Kirk e Arthur Leeds). Após a partida de Lovecraft de trem a Providence perdeu contato com o mesmo, só restabelecendo em 1936-37. Com a morte de Lovecraft Kleiner editou suas muitas cartas sob o título: "By Post from Providence". Embora poeta de grande talento não viu muita obra sua ser publicada em vida.

Outras Personalidades:

Harry K[ern] Brobst: Nasceu em 1909. Amigo de Lovecraft no período posterior a 1932; admirador das histórias da Weird Tales, através de um pedido ao editor Farnsworth Wrigth entrou em contato por carta com Lovecraft e foi cordialmente respondido, começando uma grande amizade. Brobst foi assistido em 1932 pela psiquiatria do Hospital Butler em Providence e por conta disto sempre acompanhava Lovecraft nas suas viagens. Em 1933 acompanhou Lovecraft em sua recepção a E. Hoffmann Price. Brobst afirma que Lovecraft chegou a trabalhar brevemente como vendedor de entradas de um cinema em Providence e que ficou horrorizado quando uma conhecida, que havia visitado a Alemanha, lhe contou sobre os horrores nazistas que vira. Brobst visitou constantemente Lovecraft nas etapas finais de sua vida neste mesmo hospital. Escreveu cartas a R.H. Barlow comentado o caso de Lovecraft e dizia que quando questionado o mesmo dizia "As vezes a dor é insuportável". Brobst e sua mulher organizaram o funeral de Lovecraft. Posteriormente foi acadêmico da Brown University e de outras instituições. Publicou um livro de memórias "An Interview with Harry K. Brobst" .

Dr. Franklin Chase Clark: Aqui está alguém muito querido por Lovecraft, e talvez desconhecido para os leitores; o Sr. Clark nasceu em 1847 e foi marido de Lillian D[elora] Phillips Clark, tia de Lovecraft (casaram-se em 10 de abril de 1902). Foi um grande médico e cientista, tendo se graduado na Brown University (1869) e se especializado em Nova York e regressado a Providence, onde trabalhava no Hospital de Rhode Island e como médico forense do Dpto. de Polícia, além de grande autor de livros técnicos, artigos e ensaios, sendo muitos deles guardados na Brown University. Com a morte do pai e do avô do jovem Lovecraft, ele meio que se converteu em seu pai. Disse HPL (S. L. 1.38) que suas primeiras prosas e versos se viram beneficiadas pelos conselhos do Dr. Clark. Faleceu em 1915 de hemorragia cerebral e Mal de Bright crônico. A ele Lovecraft homenageou em “An Elegy on Franklin Chase Clark, M. D.” (Publicada no Evening News de Prividence em 29 de Abril de 1915). O Dr. Eliu Whipple de “A Casa Assombrada" (1924), o Dr. Gamell Angell do “O Chamado de Cthulhu” e o Dr. Marinus Bicknell Willet de “O Caso de Charles Dexter Ward” (1927), provavelmente estão inspirados no Dr. Clark; o que também pode ser o caso do Dr. Henry Armitage de “O Horror de Duwich” (1928) e o Dr. Nathaniel Wingate Peaslee do “A Noite dos Tempos” (1934-35).

W. Paul Cook: Nasceu em 1881 e foi na vida adulta editor presidente da UAPA e também diretor da NAPA (rival). Foi, junto a amigos grande incentivador de Lovecraft para que reiniciasse sua escrita com labor em 1917. Publicou alguns títulos de Lovecraft e intentou publicar outros que por força da morte de sua esposa e problemas financeiros não deram certo. Foi um dos poucos que acreditaram no seu talento. Cook escreveu, “Howard P. Lovecraft’s Fiction” (The Vagrant, Novembro 1919) como prefacio a “Dagon” – que teve a honra de ser o primeiro trabalho crítico a obra de Lovecraft. Cook publica posteriormente grande parte de seu trabalho inicial em The Vagrant. No fim de 1925, pede a Lovecraft que escreva sobre a literatura sobrenatural para The Recluse. O projeto inicial foi ampliando-se até chegar em “O horror sobrenatural na literatura” (1927). Visitando a Cook em 1928 em Athol, Massachussets, HPL absorveu muitos relatos e lendas que usou em “O Horror de Dunwich”. Em 1940, Cook escreveu In Memoriam: Howard Phillips Lovecraft, considerada a obra mais emotiva sobre Lovecraft. Seu trabalho “A Plea for Lovecraft” (uma súplica por Lovecraft) publicada em The Ghost em maio de 1945, falava da imagem distorcida sobre Lovecraft que, segundo ele, passava a Arkham House. Faleceu em 1948.

Clifford M[artin] Eddy Jr.: Nasceu em 1896 este escritor e amigo de Lovecraft nativo de Providence, também membro dos clubes amadores de literatura. Dava longos passeios inspiradores com Lovecraft. Escreveu uma breve memória intitulada: “Walks with H. P. Lovecraft” (Passeios com H. P. Lovecraft). Faleceu em 1971.

E[dgar] Hoffman Price: Nasceu em 1898 este escritor pulp, colaborador e correspondente de Lovecraft entre 1932-37 ao qual Lovecraft muito tinha respeito e um dos poucos que ele fez questão de manter contato sempre. Conheceu pessoalmente Lovecraft em Nova Orleans, numa de suas viagens, por conta de um telegrama de Robert E. Howard que dizia que o mesmo se encontrava nesta cidade. Lovecraft passou pelo menos uma semana em Nova Orleans, a maior parte do tempo em companhia de Price. Price por sua vez visitou Lovecraft em 1933 no apto. de Lovecraft nos meses de junho e julho. Escreveu uma continuação ao conto de Lovecraft: "A Chave de Prata", intitulado "O Senhor da Ilusão", que Lovecraft revisou exaustivamente denominando finalmente de "Através dos Portais da Chave de Prata". Loveman mesmo com a morte de Lovecraft continuou no mercado das pulp, só adotando tendência a romances no posterior fim da época das pulps magazines. Price escreveu uma memória sobre Lovecraft: The Man Who Was Lovecraft (incluída no volume Cats), outras curtas como: The Sage of College Street (Amateur Correspondent, Maio-Junho de 1937), H. P. Lovecraft the Man (Diversifier, Maio de 1976), além de várias análises astrológicas de Lovecraft. Faleceu em 1989.

Winifred V[irginia] Jackson: Nasceu em 1876 esta escritora e amiga de Lovecraft na Imprensa Amadora e que muitos estudiosos dizem que teve um relacionamento com ele, devido a alguns encontros literários antes do casamento de Lovecraft. Não se tem muita informação a respeito. Faleceu em 1959.

Samuel Loveman: Nasceu em 1889 esse poeta, dramaturgo e grande amigo de Lovecraft. Loveman fazia parte do "Kalem Club". Visitou Providence em 1929, visitas seguidas de excursões a Boston, Salem e Marblehead. Após a morte de Lovecraft o mesmo se revoltou furiosamente contra posturas dele com relação ao anti-semitismo (algo típico a época), que descobriu ao se corresponder com Sonia Greene. Destruiu, acredita-se cerca de 500 cartas de ambos (o mesmos que fez a esposa de Lovecraft, quando não fez menção em voltar o relacionamento, certa vez). Em um artigo revoltante (“Of Gold and Sawdust” publicado em “The Occult Lovecraft”, 1975), o acusa de racista e hipócrita. Faleceu em 1976.

Everett McNeil: Nasceu em 1862 esse autor de livros infantis, membro do "Karem Club" de Nova York. Foi um dos primeiros a recomendar que Lovecraft escrevesse para a Weird Tales. Como vivia num dos piores lugares de N.Y. muitos membros do clube evitavam reuniões na casa dele, mas Lovecraft nunca faltou. Em 1929, com a saúde precária intenta mudar para Tacoma-Washington, para viver com a irmã, mas morre antes de chegar. Em uma carta a James F. Morton, Lovecraft escreve uma emocionada memória a McNeil. E segundo consta, o verso: "Pombas Mensageiras" dos "Fungos de Yuggoth" é sobre sua morte e dos lugares precários que vivia em pobreza. Lovecraft sempre esteve convencido que sua mais que extrema pobreza se devia a acordos exploratórios que fazia o editor de McNeil com ele.

Maurice Winter Moe: Nasceu em 1882 esse escritor amador e professor universitário, amigo de Lovecraft, ensinava inglês na "Appleton" (Wisconsin) e posterior na "West Division School of Milwaukee". Conhecia Lovecraft desde 1914 e mantiveram copiosa correspondência durante toda a vida de Lovecraft. Formaram círculos literários com outros autores algumas vezes ao longo deste tempo. Em um círculo literário de seus alunos da High School de Appleton, Lovecraft em 1917 conheçe Alfred Galpin (um de seus correspondentes, vice presidente da UAPA em 1917). A Moe dedica vários de seus trabalhos, entre eles o poema “On the return of Maurice Winter Moe, Esq., to the Pedagogical Profesión”. No conto "O Inominável", é claro no personagem Joel Manton a inspiração da figura de Moe. O viu pela primeira vez em 10 de agosto de 1923 quando Moe visitou a Providence, mais tarde foi a Boston de ônibus onde conheceu Moe e sua família. No dia seguinte HPL leva Moe, Albert A. Sandusky e Edward H. Cole a uma excursão a Marblehead numa caminhada de mais de três horas em que o grupo não agüenta e resolve voltar com Lovecraft. Durante os treze anos seguintes, suas relações se basearam principalmente em correspondências. HPL adquiriu o costume de fazer minuciosos e longos relatos dos lugares que visitava (os ensaios “Observations of several parts of America” [1928] e “Travels in the Provinces of America” [1929] são ótimos exemplos. Por volta do fim de 1934 Moe pediu a Lovecraft a contribuição de um artigo seu para um trabalho com seus alunos, ao que Lovecraft escreveu com muita honra um artigo sobre a influência da arquitetura romana na americana. Lovecraft achou que o manuscrito havia se perdido, porém uma transcrição foi encontrada e publicada pela Arkham House anos depois. Moe visitou Providence pela última vez em 1936 aproveitando que seu filho, por conta de questões profissionais, se encontrava por lá. Após a morte de Lovecraft publicou a memória “Howard Phillips Lovecraft: The Sage of Providence” (O-Wash-Ta-Nong 1937). Faleceu em 1940.

James F[erdinad] Morton Jr.: Nasceu em 1870 esse amigo de Lovecraft e membro do "Kalem Club", graduado em Harwad em 1892. Em 1896-97 foi nomeado presidente na NAPA. Conheceu Lovecraf pela primeira vez quando defendeu Charles D. Isaacson dos ataques de Lovecraft sobre uma discussão político-literária na NAPA. Lovecraft simpatizou com o mesmo mantendo intensa correspondência vindo a conhecer ele pessoalmente em 1922 em Nova York onde foram membros do "Kalem Club". Visitou Lovecraft diversas vezes entre 1923-24 em Providence. Em 1924 se embrenharam num negócio de revisão que nasceu morto "The Crafton Revision Service". Porém em 1925 Morton conseguiu uma ótima posição de diretor do museu Paterson (Nova Jersey), emprego que permaneceu até o fim dos seus dias e tentou levar Lovecraft para lá como seu assistente, mas sem sucesso. Lovecraft visitou Morton em Paterson e encontrou uma cidade desagradável. Podemos ver parte disso em "O Chamado de Cthulhu" quando o narrador fala que encontrava-se visitando um amigo estudioso em Paterson (Nova Jersey), geólogo e diretor do museu local. Após a morte de Lovecraft escreveu uma breve memória "A Few Memories" (Olympian, Outono de 1940). Faleceu em 1941.


Providence

Querida cidade natal de Lovecraft localizada no "Condado de Providence" capital do pequeno Estado de Rodhe Island na Nova Inglaterra (região nordeste americana formada pelos Estados do Maine, New Hampshire, Vermont, Massachusetts, Rhode Island, e Connecticut), a cidade está com 177994 habitantes. Foi fundada em 1636 por Roger Williams, constituindo-se em uma das primeiras cidades dos EUA, juntamente com Salem em Massachusetts. Lovecraft viveu no bairro College Hill um dos seis bairros do lado leste e o mais influente da cidade. Nesta região nordeste americana o sotaque é característico e era comum hastearem a bandeira inglesa nas edificações. Clique nas fotos abaixo - a maioria tiradas na convenção "NeconomiCon" alguns anos atrás - para ampliá-las e ler uma breve descrição de algumas localidades.

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Mestres e Influencias

Para compreender um pouco mais a obra de Lovecraft faz-se necessário entender as influências por detrás de seus trabalhos. Sua principal inspiração foi Edgar Allan Poe, passando por Lord Dunsany, Arthur Machen e Algernon Blackwood, fora outros autores que destacamos abaixo. Todos os trechos foram retirados do ensaio "The Supernatural Horror in Literature". Clique nas fotografias para ler uma breve biografia.

Edgar Allan Poe (1809-1849)

"...Poe fez o que antes ninguém fizera ou poderia ter feito; e é a ele que devemos a moderna história de horror em seu estado final e acrisolado".

Edgar Allan Poe (Boston, 19 de Janeiro de 1809 — Baltimore, 7 de Outubro de 1849) foi um escritor, poeta, romancista, crítico literário e editor americano.

Poe é considerado, juntamente com Jules Verne, um dos precursores da literatura de ficção científica e fantástica modernas. Algumas das suas novelas, como "The Murders in the Rue Morgue" (Os Crimes da Rua Morgue), "The Purloined Letter" (A Carta Roubada) e "The Mystery of Marie Roget" (O Mistério de Maria Roget), figuram entre as primeiras obras reconhecidas como policiais, e, de acordo com muitos, as suas obras marcam o início da verdadeira literatura norte-americana.

Edgar Allan Poe nasceu no seio de uma família escocesa-irlandesa, filho do ator David Poe Jr., que abandonou a família em 1810, e da atriz Elizabeth Arnold Hopkins Poe, que morreu de tuberculose em 1811. Depois da morte da mãe, Poe foi acolhido por Francis Allan e o seu marido John Allan, um mercador de tabaco bem sucedido de Richmond, que nunca o adotou legalmente, mas lhe deu o seu sobrenome (muitas vezes erroneamente escrito "Allen"). Depois de freqüentar a escola de Misses Duborg em Londres, e a Manor School em Stoke Newington, Poe regressou com a família Allan a Richmond em 1820, e matriculou-se na Universidade da Virgínia, em 1826, que viria a freqüentar durante um ano apenas. Desta viria a ser expulso graças ao seu estilo aventureiro e boêmio.

Na seqüência de desentendimentos com o seu padrasto, relacionados com as dívidas de jogo, Poe alistou-se nas forças armadas, sob o nome Edgar A. Perry, em 1827. Nesse mesmo ano, Poe publicou o seu primeiro livro, "Tamerlane and Other Poems". Depois de dois anos de serviço militar, acabaria por ser dispensado. Em 1829, a sua madrasta faleceu, ele publicou o seu segundo livro, "Al Aaraf", e reconciliou-se com o seu padrasto, que o auxiliou a entrar na Academia Militar de West Point. Em virtude da sua, supostamente propositada, desobediência a ordens, ele acabou por ser expulso desta academia, em 1831, fato pelo qual o seu padrasto o repudiou até a sua morte, em 1834.

Poe mudou-se, em seguida, para Baltimore, na casa da sua tia viúva, Maria Clemm, e da sua filha, Virgínia Clemm. Durante esta época, Poe usou a escrita de ficção como meio de subsistência e, no final de 1835, tornou-se editor do jornal Sothern Literary Messenger em Richmond, tendo trabalhado nesta posição até 1837. Neste intervalo de tempo, Poe acabaria por casar, em segredo, com a sua prima Virgínia, de treze anos, em 1836.

Em 1837, Poe mudou-se para Nova York, onde passaria quinze meses aparentemente improdutivos, antes de se mudar para Filadélfia, e pouco depois publicar "The Narrative of Arthur Gordon Pym". No verão de 1839, tornou-se editor assistente da Burton's Gentleman's Magazine, onde publicou um grande número de artigos, histórias e críticas. Nesse mesmo ano, foi publicada, em dois volumes, a sua coleção "Tales of the Grotesque and Arabesque" (traduzido para o francês por Baudelaire como "Histoires Extraordinaires" e para o português como Histórias Extraordinárias), que, apesar do insucesso financeiro, é apontada como um marco da literatura norte-americana.

Durante este período, Virgínia Clemm soube sofrer de tuberculose, que a tornaria inválida e acabaria por levá-la à morte. A doença da mulher acabou por levar Poe ao consumo excessivo de álcool e, algum tempo depois, este deixou a Burton's Gentleman's Magazine para procurar um novo emprego. Regressou a Nova York, onde trabalhou brevemente no Evening Mirror, antes de se tornar editor do Brodway Journal. No início de 1845, foi publicado, no jornal Evening Mirror, o seu popular poema "The Raven" (em português "O Corvo").

Em 1846, o Brodway Journal faliu, e Poe mudou-se para uma casa no Bronx, hoje conhecida como Poe Cottage e aberta ao público, onde Virgínia morreu no ano seguinte. Cada vez mais instável, após a morte da mulher, Poe tentou cortejar a poeta Sarah Helen Whitman. No entanto, o seu noivado com ela acabaria por falhar, alegadamente em virtude do comportamento errático e alcoólico de Poe, mas provavelmente também devido à intromissão da mãe de Miss Whitman. Nesta época, segundo ele mesmo relatou, Poe tentou o suicídio por sobredosagem de láudano, e acabou por regressar a Richmond, onde retomou a relação com uma paixão de infância, Sarah Elmira Royster, então já viúva.

Diferentemente da maioria dos autores de contos de terror, Poe usa uma espécie de terror psicológico em suas obras, seus personagens oscilam entre a lucidez e a loucura, quase sempre cometendo atos infames ou sofrendo de alguma doença. Seus contos são sempre narrados na primeira pessoa.

No dia 3 de Outubro de 1849, Poe foi encontrado nas ruas de Baltimore, com roupas que não eram as suas, em estado de delirium tremens, e levado para o Washington College Hospital, onde veio a morrer apenas quatro dias depois. Poe nunca conseguiu estabelecer um discurso suficientemente coerente, de modo a explicar como tinha chegado à situação na qual foi encontrado. As suas últimas palavras teriam sido, de acordo com determinadas fontes, «It's all over now: write Eddy is no more», em português: «Está tudo acabado: escrevam Eddy já não existe».

Nunca foram apuradas as causas precisas da morte de Poe, sendo bastante comum, apesar de incomprovada, a idéia de a causa do seu estado ter sido embriaguez. Por outro lado, muitas outras teorias têm sido propostas ao longo dos anos, de entre as quais: diabetes, sífilis, raiva, e doenças cerebrais raras.

Lord Dunsany (1878-1957)

"...barão Dunsany, cujos contos e pequenas peças formam um elemento quase sem paralelo em nossa literatura".

Edward John Moreton Drax Plunket nasceu em 24 de julho de 1878 no castelo de sua família no Condado de Meath na Irlanda. Depois da morte de seu pai, em 1898, que fora em vida um renomado engenheiro mecânico assume o posto de 18º Barão de Dunsany. Foi educado em "Eton" na Academia militar de Sandhursty e serve ao exército de usa majestade nas Guerras Boer em território do sul da África.

Dunsany também fora grande aficionado por partidas de xadrez (o qual foi grande campeão) tendo inventado em 1942 o "Xadrez de Dunsany" e enfrentado o cubano GM Capablanca. Além disto apreciava cricket e tênis.

De volta a Inglaterra começa de fato sua grande produção literária: "The Gods of Pegäna" (1905), "Time and the Gods" (1906) e "A Dreamer’s Tales" (1910). Caracteriza sua obra literária a beleza em sua redação e sua grande imaginação criadora de panteões e mundos verossímeis, pode-se considerá-lo como um dos pais da literatura fantástica. Em 1910 seu mentor literário W.B. Yeats o incentiva a escrever peças teatrais, peças estas que ficaram tão famosas ao ponto de serem exibidas 5 peças suas simultaneamente na Broadway, do seu livro "Five Plays". Quando começa a Primeira Guerra Mundial se voluntariou a servir no Exército Britânico, mas retorna ferido na Revolta de Dublin em 1916 e se uniu a Guarda Real em Flandes.

No período entre guerras ele e sua esposa Beatrice vivem alternadamente no Castelo Dunsany e na propriedade particular da família em "Sevenoaks" em "Kent" (Inglaterra), período este, no auge do sucesso, viaja freqüentemente e começa a ter muito sucesso com livros e poesias sendo reconhecido por intelectuais ingleses. Em 1941 aceita a cadeira Byron de literatura inglesa na Universidade de Atenas, mas tem que deixar logo depois da invasão dos nazistas aquele país. Em 1943 profere conferências no "Trinity College" de Dublin e segue assim até que em uma situação com familiares tem uma crise de apendicite e só recupera a consciência depois de uma operação, mas morre em Dublin no dia 25 de outubro de 1957, sendo enterrado em "Shoreham".

Algernon Blackwood (1869-1951)

"...as obras mestras de Blackwood alcançam um nível genuinamente clássico, e evocam como nenhuma outra peça literária um sentimento assombrado e convicto da imanência de estranhas esferas espirituais".

Algernon Henry Blackwood nasceu em 1869 em "Shooter´s Hill",Kent na Inglaterra, de origens nobres, a mãe era a duquesa de Manchester, e seu pai Sir Stevenson Arthur Blackwood, secretário do tesouro e posterior administrador do correio real. Criado em um ambiente de rígida educação evangélica no "Wellington College", se afasta logo de sua família, mudando diversas vezes de residência e executando diversos trabalhos como: jornalista em New York, fazendeiro, hoteleiro no Canadá, viajou para a Alemanha para estudar (onde com um amigo de classe se interessou pelo hinduísmo), entre outras coisas...

No ano de 1899, cansado de suas aventuras, volta a Inglaterra já com 31 anos e se interessa pelo o gênero horror e pela literatura. Seu primeiro livro de contos, "The Empty Hose and Other Ghost Stories", foi publicado em 1906, e tem imediato sucesso. A mistura de elementos fantásticos com realistas, a cuidadosa descrição da realidade em que ambientava suas histórias, e a habilidade de saber desenvolver a atmosfera, foi a chave de tal êxito. Tanto foi que no ano seguinte publica outro livro: "The Listener and Other Stories" e em 1908 é a vez de “John Silence Physician Extraordinary”, "The Lost Valley and Other Stories (1910), "The Dance of Death and Other Stories" (1927), "Tales of Uncanny and Supernatural" (1949), e "Tales of Terror and the Unknow" - coletânea póstuma de 1965, contendo alguns contos inéditos.

Admirado por H.P. Lovecraft, que disse sobre seu conto "The Willows" (1907) ser "o melhor do conto do sobrenatural jamais escrito", a temática preferida de Blackwood é análise irregular entre o homem comum e o outro meio, como disse o próprio autor "a parte escondida da realidade", para revelar sua existência o autor se servil de fantasmas, "The Listener" (1907) e "The Woman Ghost Story" (1907), e monstruosidades, "Running Wolf" (1920) e "The Valley of the Beasts" (1949), "May Day Eve" (1907). Das suas buscas acerca do sobrenatural resultam-se também cuidadosas investigações sobre da psicologia humana como observado no na sua obra "John Silence Physician Extraordinary". Vale salientar sobre este ponto que Blackwood em dado momento de sua vida foi membro da ordem esotérica "Golden Dawn" de Aleister Crowley, a mesma que Arthur Machen fez parte.

Quando estoura a Primeira Guerra mundial o mesmo se alista no exército britânico. Depois da guerra ele retorna a Kent para escrever.

Aos 82 anos, ele foi convidado para ler na televisão uma história de terror na noite de "Halloween". Usando duas câmeras e dois cenários iguais o diretor do programa conseguiu um feito extraordinário para aquele ano de 1947: fez Blackwood desaparecer, deixando para os telespectadores apenas sua voz em off e sua cadeira vazia ocupando a telinha. No dia seguinte, a repercussão na Inglaterra foi retumbante. Em 1949 recebe uma medalha da associação televisiva e é ordenado cavaleiro do Império Britânico. Por estas e outras fica conhecido com o "Homen-Fantasma". Estes fatos acabaram marcando também um dos últimos momentos de glória da carreira desse que foi considerado um dos maiores autores de horror do começo do século XX, hoje em dia, praticamente esquecido.

Segundo Peter Penzoldt, autor de The Supernatural in Fiction (1952), o melhor trabalho crítico sobre a Weird Tales, Blackwood conheçia a obra de Lovecraft, e embora admirasse este jovem escritor disse que em seus contos faltava o 'terror espiritual', coisa que segundo ele, considerava muito importante em seus próprios trabalhos.

Blackwood faleceu no ano de 1951 em Londres.

Arthur Machen (1863-1947)

"Dos criadores vivos do pavor cósmico elevado a seu mais alto expoente artístico, dificilmente poderá citar-se algum que se iguale ao versátil Arthur Machen..."

Infância no País de Gales

Arthur Machen nasceu em Caerlon-on-Usk (agora parte de Newport), no condado de Gwent, Gales do Sul em 3 de março 1863 sendo depois batizado com o nome de Arthur Llewellyn Jones. Seu pai, John Edward Jones (Machen era o nome de solteira de sua mãe) foi um pastor anglicano, vigário da pequena igreja perto Llandewin Caerleon. Machen foi educado na casa paroquial. Uma criança solitária, começou a amar as águas calmas próximo do vale Soar, mais tarde, a grandeza das Black Montains ao norte, a antiga floresta de Wentwood e os vales mais remotos de Severn. Embora raramente voltou a Gwent na vida adulta, o seu trabalho constantemente evocava estes lugares escuros, muitas vezes como um prelúdio para o inacreditável e assustador.

Também causaram uma profunda impressão sobre a criança as descobertas de arqueólogos locais, que na época estavam explorando esculturas pagãs estranhas da época da ocupação romana da região. Machen , tinha encontrado inscrições romanas e relevos em sua própria igreja em Caerleon, e a imaginação da criança foi cativada pela sensação de que a própria terra onde ele vivia pertencia a uma estranha tangível - um pensamento que se desenvolveu em grande parte de sua ficção. O Deus Romano-Britânico Nodens, cujo templo foi escavado em Lydney Park perto de onde morava Machen, tornou-se uma de suas contribuições mais memoráveis.

Com onze anos de idade ele foi enviado para a Hereford Cathedral School, onde recebeu a formação clássica de uma criança de classe média galês. Ele era um estudante capaz, mas também interessado nos aspectos mais obscuros e misteriosos da literatura e da história. Apesar da sua óbvia capacidade, seus pais não tiveram meios financeiros suficientes para o inscrever na Universidade de Oxford, seguindo os passos de seu pai. Depois de alguns falsos começos e após a (anônima) obra publicada Eleusinia (uma história em verso dos mistérios eleusianos), seus pais o convenceram a começar uma carreira no jornalismo, o que o deixa em Londres.

Londres

Machen passou a primeira parte dos anos 1880, vivendo um auto-imposto isolamento na vastidão da cidade, que naquela época era a capital imperial e maior cidade do mundo. Ele viveu na pobreza em subúrbios distantes, e em vez de fazer um verdadeiro esforço para conquistar a profissão de jornalismo, ficou imerso na leitura e na descoberta de sua nova cidade. As paisagens de Londres, em seguida, tornar-se-ia tão numinoso e estranho como as de sua terra natal.

Em 1884, ele escreveu seu primeiro livro, The Anatomy of Tabacco, e submete-o para publicação, George Redway da Covent Garden, um livreiro e editor, que começa junto com Machen e logo ofereceu um emprego como editor-adjunto da revista Walfrod´s Antiquarian , uma tarefa que Machen (com os seus vastos conhecimentos de antiguidades e literatura) foi particularmente bem. No segundo semestre de 1880 começa a emergir lentamente de seu isolamento: três obras traduzidas do francês arcaico, o Heptamerone de Marguerite of Navarre, of Beroalde de Verville's Le Moyen de Parvenir, and of Casanova's Memoirs. Ele publica um romance estilo rabelaisiano, The Chronicle of Clemendy, sua primeira obra de ficção. Em 1887 ambos os pais dele faleceram, e no mesmo ano, com 24 anos, ele se casou com Amy Hogg, uma mulher independente, ela mesma muito parte da cena literária londrina, a quem ele conheceu em círculos literários.

Encontrando-se

Ao final dos anos 80, Machen já publicara traduções e ficção, mas até então foram escritos em inglês arcaico mais parecido com o século XVII do que dos tempos modernos. De repente, por volta de 1890, a sua escrita adquire uma nova reviravolta: contemporânea torna-se tanto em estilo e tema. Publica uma série de contos em diversos jornais e revistas, muitas delas de ficção e fantasia, em um mundo que reconhecemos.

Em 1891 Machen recebe uma pequena herança e vai com Amy para uma cabana na Chilterns, onde criou "The Great God Pan", sua primeira grande história cheia de sexo, paganismo e horror. A história é publicado por John Lane na coleção "Keynotes" em 1894 e provoca um alvoroço entre os público puritano. Após o sucesso escandaloso de "O Grande Deus Pan", Machen publicou "The Three Impostors". Graças a estas duas obras Machen alcançou o reconhecimento público como uma figura de um novo movimento estético "decadente", cujo impulso inicial vem de França.

Felizmente, Machen manteve bastante da sua renda para exercer a sua atividade literária integralmente.

O romance "The Hill of Dreams", os poemas em prosa, que viria a ser recolhidos em "Ornaments in Jade", os romances "O Povo Branco" (considerado por Lovecraft 'um segundo' atrás apenas de 'Os Salgueiros' de Blackwood, como dois dos melhores contos de horror de todos os tempos), e "A Fragment of Life", todos entre as obras primas de sua carreira foram escritos no final do século XIX.

Crise e Recuperação

Machen retoma as atividades jornalísticas com o fim do dinheiro e a necessidade de tratamento de um câncer da esposa Amy que, mesmo assim morreu em 1899 e um Machen devastado fica deprimido, vagando sem rumo pelas ruas de Londres como um personagem em suas histórias, mais próxima à do mundo real. Lentamente começa a se recuperar, através do bom trabalho de seus amigos, em especial A. E. Waite, que o convidou para se juntar a Ordem Hermética da Golden Dawn, o seleto grupo de ritual de magia que contou entre os seus membros também William Butler Yeats e Algernon Blackwood. Enquanto Machen foi, como Yeats, um inimigo decidido dos males do materialismo e um forte defensor dos valores místicos e espirituais e, embora ele e Waite eram grandes amigos, Machen nunca foi muito envolvido com as atividades do grupo, pelo contrário, já começou, mesmo antes da morte de sua esposa, a desenvolver a sua própria crença céltica-cristã.

Novo Casamento

Em 1903 casou-se novamente. Sua segunda esposa, Dorothie Purefoy Hudleston, é, como a primeira, uma menina de classe média com interesses artísticos e boêmios. Ele tinha ido a Londres e a conheçeu no Café de L'Europe.

Entre um livro e outro em 1907, seu romance "The Hill of Dreams", considerou o seu melhor trabalho publicado. É importante ressaltar que as obras de Machen sempre apresentam por esta época uma forte crítica ao materialismo e um resgate aos valores morais e cristãos.

Uma figura pública

Machen voltou a trabalhar duro e para o jornalismo numa das atividades que não era sua favorita - a chamada "imprensa marrom"

Pelo início da guerra o primeiro encontro importante entre as marinhas britânica e alemã se deu em Mons, em agosto de 1914. Um mês depois da batalha Machen escreveu um artigo que foi publicado no Evening News, descrevendo arqueiros celestes, dos tempos da batalha de Agincourt (um batalha que ocorreu em solo francês em 1415 onde venceram os ingleses), aparecendo no céu, atirando suas lanças contra os alemães para evitar a derrota. A história, "The Archers" foi um pouco patriótico, mas apenas algumas semanas após a sua publicação, Machen começou a receber pedidos de mais detalhes sobre a origem da história. Respondeu que a única fonte da história foi sua própria imaginação. Mais tarde, descobriram que um número significativo de pessoas acreditaram que algo como aquilo que foi dito na história realmente aconteceu: de que os "anjos" apareceram para lutar do lado britânico em Mons.

Machen continuou a afirmar que a única fonte para a história era a sua imaginação, mas outros insistiram que, ainda não reconhecê-la como tal, tinha sido favorecido com a visão de uma cena real. Com censura em tempos de guerra, é difícil determinar exatamente o que tinha acontecido realmente em Mons, e admiradores de Machen descobriram e publicaram, com base em boatos que provou realmente os anjos haviam aparecido. Não há provas, como era muito convincente, mas seu tom espiritual casou perfeitamente com a histeria nacional em tempos de guerra: se publicou três livros e uma série de artigos sobre a polêmica que obtiveram um enorme sucesso, talvez mais que na época inicial de sua carreira o que o fez, posteriormente em 1921 a sair do jornal e viver muito bem com sua família.

Sucesso

Vincent Starrett, James Branco e Carl Van Vechten foram três dos escritores norte-americanos, que divulgaram o trabalho Machen, sugerindo que ele não tinha recebido a devida atenção de seus conterrâneos. A febre americana sobre a obra de Machen, rapidamente cruzou o Atlântico, e no primeiro semestre de 1920 viu a publicação de grandes obras, autobiografias e histórias novas.

Em ambos os lados do Atlântico, o nome Machen se torna familiar. De qualquer forma, não recebem o mesmo tipo de afeto na Grã-Bretanha do que na América. Nos Estados Unidos, era admirado pela maioria dos críticos acadêmicos.

Últimos anos

Em 1925 a euforia tinha acabado. Infelizmente, o autor não tinha tido uma vantagem econômica suficiente para passar seus últimos anos no conforto. Grandes reproduções de seus trabalhos anteriores não relatou quase nada, uma vez que seus direitos tinham sido vendidos há muito tempo. Então, ele teve que continuar a trabalhar como ensaísta, jornalista e escritor. Na década de 1920 Machen e sua esposa moravam em St John's Wood a noroeste de Londres, ganhando notoriedade por suas festas, onde as celebridades da época compartilharam a mesa com escritores e místicos. Teve a alegria de ter uma pequena legião de admiradores que o mantiveram em conforto. Ele não escreveu muito depois de 1935, aposentando-se com sua esposa para uma existência confortável em Amersham, Buckinghamshire. Faleceu em 15 de dezembro 1947, pouco depois de sua esposa.

Texto baseado principalmente na biografia do site 'Friends of Arthur Machen'

Ambrose Bierce (1842-1914?)

"Praticamente todos os contos de Bierce são de horror; ...uma parcela apreciável admite a malignidade sobrenatural e constitui um elemento importante no acervo americano da literatura fantástica".

Da vida de Ambrose Gwinett Bierce pode-se dizer qualquer coisa, exceto que foi uma vida sossegada e aborrecida. Sua vida jornalística e seus trabalhos sobre o sobrenatural inspiraram o jovem Lovecraft. É um ícone entre os escritores do horror e sobrenatural pela riqueza de conteúdo que são características em suas obras. Se fomos fazer uma lista de grandes autores, entre os séculos XIX e XX, independente do gênero literário de cada um, com certeza seu nome não poderia estar de fora.

Ambrose Gwinett Bierce nasceu no ano de 1842 no condado de Meigs, Ohio, filho de Marcus Aurelius e de Laura Sherwood Bierce. Era o mais novo de uma grande família de crianças, a quem Marcus, por razões desconhecidas batizo-os com com os nomes que começavam com a letra “A.”

Os detalhes em sua infância são escassos, dizem que se iniciou sexualmente com uma mulher septuagenária. Deixou sua família em 1857 para viver em Indiana, trabalhando para um jornal abolicionista. Eventualmente veio viver com o tio Lucius Verus em Ohio e estudar no instituto militar de Kentucky por um ano antes de sair. Bierce não era o primeiro em sua família a se interessar pelas forças armadas. Seu avô lutou na Guerra de Independência Americana, e Lucius Verus apoiou com as armas o abolicionista radical John Brown para sua insurreição falhada, assim liderando um exército popular para a libertação do Canadá dos Ingleses.

Ambrose se empenhou em trabalhos estranhos até o início da Guerra Civil dos E.U.A em 1860, quando se alistou com os voluntários de Indiana. A guerra civil provaria ser o episódio de definição de sua vida. Bierce trabalhou primeiramente como engenheiro topográfico, onde seu desempenho excelente e valente permite que ele se graduasse. Lutou em diversas batalhas chaves na guerra, incluindo Shiloh, Chickamauga, Missionário Ridge, e Montanha de Kennesaw. Durante sua distinta carreira, foi ferido seriamente na cabeça na montanha de Kennesaw e escapado da captura em Gaylesville, Alabama.

O que viu e experimentou na guerra causou profunda impressão em Bierce. Além da dura realidade da guerra, seu compromisso com a paixão de infância Bernice Wright (Fátima) foi interrompido durante a guerra, se somando a sua desilusão. Todas suas experiências na guerra comumente são consideradas a fonte de seu cínico realismo.

Depois que seu ferimento da montanha de Kennesaw baixou-o para o serviço militar, trabalhou no departamento da Tesouraria, e fez uma excursão pelos fortes ocidentais. Abandonou o exército por causa de considerar banal e ofendido por sua promoção ser apenas para 2º Tenente.

Bierce chegou em San Francisco em 1867, onde começou um trabalho na casa da moeda. Bierce decide seguir uma carreira no jornalismo, sendo colunista do News Letter de San Francisco. A sagacidade ácida de Bierce ganhou-o rapidamente grande fama local e uma notoriedade nacional. Em 1871, cortejou Mary Ellen (“Mollie”), uma socialite de San Francisco de uma das melhores famílias da cidade.

Um presente de casamento velou-os a Inglaterra, onde Bierce passaria um dos períodos os mais felizes de sua vida. Ganhou a vida trabalhando para el Fun de Tom Hood e continua seu trabalho como contista em el Figaro. Durante este tempo em Inglaterra, Mollie deu a luz a dois de seus filhos: Day (1872) e Leigh (1874), e ele escreveu seus primeiros três livros: Nuggets and Dust (1872), The Fiend's Delight (1873), and Cobwebs from an Empty Skull (1874).

No inicio de 1875 , os Mollie retornaram a San Francisco com sua jovem família. Bierce seguiu relutantemente mais tarde esse ano, imediatamente antes do nascimento da terceira criança, Helen. Em 1877, Bierce transformou-se no editor do Argonaut, ganhando a notoriedade por sua coluna “Prattle”. Após um breve período onde Bierce levou a cabo uma companhia falida de mineração de Black Hills na Dakota do Sul, Bierce retornou a San Francisco e juntou-se à UASP em 1881, onde retomou sua coluna “Prattle”.

Em 1887, Bierce começou seu relacionamento famoso (e tumultuoso) com o magnata da imprensa William Randolph Hearst, juntando-se à equipe de funcionários do San Francisco Examiner. Por esta época a vida pessoal de Bierce começaria a ser preocupante com as tragédias. Em 1888, separou de Mollie quando encontrou cartas “impróprias” de um admirador europeu, e em 1889, orgulho e alegria de Bierce, seu filho Day, foi assassinado em um duelo sórdido por uma mulher.

Ao continuar seu trabalho do jornal, Bierce começou a produzir livros na América. Entre 1891-3, escreveu e publicou The Monk and the Hangman's Daughter (com G.A. Danziger, 1892), Tales of Soldiers and Civilians (1892), Black Beetles In Amber (1892), and Can Such Things Be? (1893).

Um oponente por toda a vida dos interesses da estrada de ferro que marcavam literalmente a política da Califórnia naqueles dia, Bierce era um de poucos jornalistas bravos bastante para opor-se a elas. Em 1896, Bierce ganhou sua grande vitória de encontro a Collis P. Huntington, um dos grandes magnatas ferroviários do Estado. Huntington estava no processo silencioso de conseguir uma isenção estatal que o desobrigaria eficazmente de reembolsar seu débito com governo federal até depois de sua morte. Com o apoio de Hearst e suas publicações The Examiner e The New York Journal, Bierce inicia uma campanha que a isenção é revogada, significando a primeira derrota principal aos interesses da estrada de ferro. Segundo muitos historiadores esta foi a primeira derrota e o prólogo da posterior quebra da indústria ferroviária.

Ao fim do século, a vida pessoal de Bierce cairia outra vez em desgraça. Em 1901, o filho Leigh morreu de pneumonia associada ao alcoolismo. Em 1904, Mollie finalmente consegue o divórcio alegando “abandono,” mas morre no próximo ano antes que os tramites estivessem finalizados.

Bierce continuou a escrever durante este período, publicando Fantastic Fables e Sharpes of Clay em 1903. Após a morte de Mollie em 1905, ele começou a trabalhar para o Cosmopolitan de Hearts, e Cynic's Work Book (mais tarde 'O Dicionário do Diabo) foi publicado em 1906.

Bierce tornou-se cada vez menos envolvido no mundo em torno dele. Quando Walter Neal aproximou para compilar seus trabalhos coletados em 1909, Bierce solicitou sua demissão a Hearst pela última vez. Esse ano, igualmente publicou The Shadow on the Dial e Write It Right, e continuou com algumas publicações...

Ao que parece Bierce já na casa dos setenta anos fomenta grande admiração por Pancho Villa e intenta atravessar a fronteira e lutar no México. Pelo que se sabe escreveu uma carta a filha e atravessou a fronteira. Sua filha Helen chegou a pedir ajuda ao governo americano por conta da maluquice do pai, mas já era tarde, os agentes nada encontraram. Na internet se contam muitas lendas a respeito do desaparecimento de Bierce, tão fantástica quanto sua própria vida, o mais provável é que ele fora morto em combate nos campos de batalha mexicanos em algum momento do ano de 1914.

Texto baseado principalmente na biografia do site 'The Ambrose Bierce Appreciation Society'

M.R. James (1862-1936)

"...dotado de um poder quase diabólico de evocar horror aos poucos a partir da trivialidade da vida cotidiana, é o douto Montague Rhode James..."

Montague Rhodes James nasceu em 1862 em "Goodsrone Suffolk", filho de um pastor anglicano. Desde sua tenra infância mostrou interesse pelo antigo e durante seu tempo na escola preparatória de "Temple Groove" estudou manuscritos bíblicos e medievais. Ingressa no "King´s College" de Cambridge em 1882 onde se tornou professor e reitor da mesma. Teve proeminente carreira acadêmica, mas o cargo de mais orgulho foi o de diretor do "Museu Fititzwilliam" (1893-1908), entretanto continua seus trabalhos na biblioteca da Universidade. Apesar de nunca ter casado deve um rol proeminente na alta sociedade de Cambridge, passando suas férias em tours ciclísticos ao redor da Grã Bretanha e França.

Em 1918 James é nomeado "Probost" de "Eton College". Como Chanceler prestou muitos serviços em comissões reais e é reconhecido como membro do "Museu Britânico". É nomeado "Comodoro" da "Orden de Leopoldo" em reconhecimento por sua ajuda aos refugiados belgas durante a Primeira Guerra Mundial e em 1930 recebe a "Ordem do Mérito".

O trabalho erudito de James lhe garantiu respeito entre seus colegas, especialmente no campo do medievalismo. Mas, de todos seus trabalhos alcançou um publico mais amplo com a escrita de contos fantasmais como em: "Ghost Stories of an Antiquary" (1904), "More Ghost Stories" (1911), "A Thin Ghost and Others" (1919) e "An Waming to the Curious and Other Ghost Stories" (1925).

Lovecraft o sita como um autêntico revitalizador das típicas histórias de fantasmas, haja vista que James dizia que um bom conto de horror dever-se-ia passar na época cotidiana, típica dos leitores. Um outro escritor que admirava muito seu trabalho (tendo inclusive escrito sobre ele), foi Clark Ashton Smith.

James continuou seu trabalho como "Probost" até seu falecimento em 1936.

Robert W. Chambers (1865-1933)

"Muito genuíno.... é o traço de horror nos primeiros trabalhos de Robert W. Chambers..."

Robert William Chambers nasceu no Brooklyn em 1865 filho de William P. Chambers, famosos jurista e Caroline Chambers, no seio de uma família acostumada a colocar seu sobrenome em destaque (por ex. o irmão de Chambers em dado momento foi reconhecido como um arquiteto de fama mundial). Chambers freqüentou o Instituto Politécnico do Brooklyn, foi ali na casa familiar nas montanhas que descobriu seu amor para a pintura e a natureza.

Aos vinte anos ingressa na "Art Student´s League" de Nova York para estudar pintura onde conhece e tem amizade com Charles Dana Gibson (posteriormente ilustrador famoso). Aos 21 viaja para París onde permaneceu 7 anos estudando belas artes em "École des Meaux Arts" e depois na academia Julien. Tem uma exposição me Paris em 1889, voltando a Nova York em 1893 onde começa a trabalhar para revistas famosas como ilustrador, entre elas "Life", "Vogue" e "Truth".

Chambers publica seu primeiro livro "In the Quarter" em 1894, uma história melodramática de sua vida estudantil em Paris. Bem acolhido pela crítica anima o jovem a seguir com seu trabalho. Em 1895 ele publica 10 contos aparentemente sem relação com o título de um livro "The King in Yellow" que promete deixar louco quem o ler. Esta coleção foi um grande sucesso o que o convence a deixar sua paixão artística por um tempo em vista de seu sucesso no que também gostava muito de fazer que era escrever.

Escritor profissional desde o início seguiu tendências do feminismo da época e começou a publicar obras para este público em paralelo a literatura sobrenatural. Chambers, devido ao enorme sucesso editorial se tornou um homem muito rico e que tinha amizades com pessoas ainda mais ricas nos círculos sociais.

Em 1898 se casou com Elsa Vaughn Moller (1882-1939) com qual teve um filho de nome Robert Edgard Stuart Chambers que também seria um escritor famoso. Com seus ricos negócios literários me Nova York a família Chambers divide seu tempo entre esta cidade e a luxuosa mansão familiar em "Broadalbin", ao sopé das montanhas "Adirondack", lugar onde o mesmo relaxava caçando e pescando, sendo um homem de maneiras cordiais e um membro ativo da sociedade novaiorquina, o qual também escreve livros a respeito.

Faleceu em sua casa no Vilarejo de "Broadalbin" em Nova York em 16 de dezembro de 1933.

Walter de la Mare (1873-1956)

"Merecedor de menção destacada como artesão vigoroso, para quem um mundo místico invisível é sempre uma realidade próxima e vital, é o poeta Walter de la Mare..."

Walter John de la Mare nasceu em 25 de abril de 1873. Poeta, contista e ensaísta, dramaturgo e novelista inglês, mas provavelmente mais relembrado por seus livros infantis e "The Listeners". É considerado um dos melhores escritores da sua língua no século XX.

Nasceu na cidade de "Kent", no seio de uma influente família de ascendência francesa como seu colega irlandês, o famoso escritor Joseph Sheridan Le Fanu. Foi educado no "St Paul's Cathedral School" em Londres. Seu primeiro livro, "Songs of Childhood" (1902), foi publicado sob o pseudônimo de "Walter Ramal". Seu trabalho na companhia petrolífera 'Standard Oil' não lhe proporcionava tempo suficiente para escrever, e em 1908 recebeu uma pensão do governo que possibilitou concentrar-se para sempre nos seus livros infantis e poesias em Taplow Village no distrito de Buckinghamshire.

A grande paixão de La Mare foi a fantasia, o que unido a popularidade de seus livros infantis lhe rendeu fama.

De La Mare escreveu alguns refinados contos de terror psicológico nos quais se destaca a mágica perfeição de seu estilo e sua grande força invocadora do fantasmal. Durante sua vida escreveu muitos livros de sucesso além de receber prêmios e reconhecimento.

Faleceu em 22 de junho de 1956.